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Software livre desafia o poder da Microsoft

Publicado: Terça, 13 de Julho de 2004, 06h54

O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA | 13/07/2004 Posição pró-Linux do governo federal leva a empresa aos tribunais e a rever estratégia no País RENATO CRUZ 

 

A Microsoft Brasil enfrenta hoje seu maior desafio por causa do apoio do governo federal ao software livre, como o Linux. Isso fez a empresa reforçar sua atuação junto ao governo, mas a tarefa não é fácil. "Já estivemos conversando com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI), mas vender para eles é o mesmo que vender geladeira para pingüim", informa o diretor de Setor Público e de Educação da Microsoft, Lorenzo Madrid. O pingüim é o símbolo do Linux e o ITI, ligado à Casa Civil, é presidido por Sérgio Amadeu da Silveira , principal defensor do software livre no governo, cuja posição foi questionada na Justiça pela Microsoft. O software livre pode ser usado, modificado e distribuído sem o pagamento de licenças. Seu código-fonte (conjunto de comandos de programação) é aberto. Entre março e junho, a Microsoft deu treinamento gratuito para 10 mil funcionários públicos em oito capitais (Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza, Curitiba e Porto Alegre). Mas não revela quantos treinados pertencem ao governo federal e às esferas estaduais e municipais. "A capacitação leva as pessoas a conhecer melhor e utilizar os produtos da Microsoft", explica Madrid. Ao mesmo tempo, o governo federal realizou, entre 26 e 30 de abril, a 1.ª Semana de Capacitação e Treinamento em Software Livre para 2.150 servidores em Brasília. A área governamental responde por cerca de 6% do faturamento da Microsoft Brasil. O número não inclui grandes estatais, como Petrobrás e Banco do Brasil, que também participam da iniciativa de adotar o software livre. No ano fiscal encerrado em junho de 2003, as revendas faturaram R$ 925 milhões com produtos da Microsoft. No período anterior, foram R$ 878,5 milhões. Os dados de 2004 ainda não foram publicados. "O resultado no último ano foi melhor que o do anterior", diz o diretor da Microsoft, referindo-se à sua divisão. Intimidação - Madrid preferiu não comentar o caso Sérgio Amadeu. "Se falasse a respeito, seria expulso da empresa", explicou o executivo. Com base na Lei de Imprensa, a Microsoft pediu explicações na Justiça sobre declarações de Amadeu à revista CartaCapital, em reportagem publicada em março. O presidente do ITI acusou a empresa de usar "prática de traficante" por oferecer software grátis a governos para a inclusão digital. Também afirmou que a Microsoft usa "a estratégia do medo, da incerteza e da dúvida". O pedido de explicações da Microsoft, que ficou sem resposta, repercutiu mal aqui e no exterior. Um abaixo-assinado na internet em apoio a Sérgio Amadeu, intitulado "O Brasil tem direito de escolher", recebeu 10,3 mil assinaturas de vários países. Ele também recebeu mensagens de solidariedade de organizações não-governamentais (ONGs) e de comunidades de software livre de países como Espanha, Austrália, Argentina, Peru e do governo de Cuba. A interpelação judicial foi interpretada como uma tentativa de intimidar o governo brasileiro. Apesar disso, a empresa não deixou de fechar contratos com o governo federal, segundo Madrid. "O governo federal é multifacetado", explicou o executivo. "Em algumas áreas, é um pouco mais difícil. Recentemente, fechamos contratos grandes, que ainda não tenho autorização para divulgar."

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