Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Notícias > Notícias > ITI na Mídia > Governo leva Linux à baixa renda
Início do conteúdo da página

Governo leva Linux à baixa renda

Publicado: Domingo, 05 de Dezembro de 2004, 07h36

O ESTADO DE S. PAULO | ECONOMIA | 05/12/2004

Planos prevêem venda de 1 milhão de micros, R$ 260 milhões para criar 1 mil telecentros e a profissionalização de 2 mil jovens Renato Cruz Se depender de Sérgio Amadeu da Silveira, diretor-presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação ITI, ligado à Casa Civil, 2005 será o ano do software livre. Mas é claro que não depende só dele. Depois de muito discurso a favor de sistemas como o Linux, que pode ser usado, modificado e copiado livremente, a administração federal prepara programas de grande impacto usando o software livre. Em dois anos de governo, a realização mais visível foi uma semana de software livre, em abril, quando foram treinados 2.150 funcionários públicos, em Brasília. Para o ano que vem, os planos são ambiciosos. Os programas PC Conectado, Casas Brasil e até Primeiro Emprego devem servir de ferramentas à disseminação do software livre no País. No PC Conectado, que pretende oferecer micros de baixo custo, com acesso à internet, a idéia é vender 1 milhão de máquinas com software livre. "Estamos optando pela autonomia tecnológica, pelo incentivo à concorrência e pela redução de custo", afirmou Silveira. Se tudo der certo na votação do orçamento, o projeto Casas Brasil deve receber R$ 260 milhões no ano que vem para a instalação de mil centros comunitários de informática, todos com software livre, em localidades com baixo índice de desenvolvimento humano. De acordo com o presidente do ITI, os ministros José Dirceu (Casa Civil), Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica), Eunício Oliveira (Comunicações) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) batalham por isso. "Os planos de 2006 dependem do sucesso de 2005", afirmou o diretor-presidente do ITI. "Acho que haverá uma pressão positiva para levar as Casas Brasil para todos os municípios." No início de 2005, o ITI vai começar um piloto, em parceria com o Ministério do Trabalho, para qualificar 2 mil jovens em software livre, no programa Primeiro Emprego. "Vamos formar empreendedores, que vão instalar software na casa das pessoas, combatendo a pirataria", afirmou Silveira, constatando que a maioria das pessoas não sabe instalar software, livre ou proprietário. "É um mito que o software proprietário é mais fácil de instalar." Na semana passada, em entrevista ao Estado, o presidente da Microsoft Brasil, Emílio Umeoka, fez críticas à política industrial do governo, que elegeu a exportação de software como um de seus objetivos, e afirmou que planeja participar do projeto PC Conectado. "Eles têm o objetivo claro de tentar conter a concorrência na área de software para o cidadão comum", acusou Silveira. O Linux é o principal concorrente do Windows, da Microsoft. O Mozilla Firefox e o OpenOffice, também livres, concorrem com o Internet Explorer e o Microsoft Office, respectivamente. De acordo com o presidente do ITI, um grupo de empresas brasileiras de software está adequando um pacote de 27 soluções em software livre para ser instalado no PC Conectado, que terá condições especiais de financiamento e incentivos fiscais. Essas empresas receberão R$ 30 por computador vendido, para oferecer um ano de suporte. "Um pacote equivalente de software proprietário exigiria o pagamento de R$ 5 mil em licenças", explicou Amadeu."Se forem vendidos 1 milhão de micros, serão R$ 30 milhões para empresas brasileiras." Entre elas, a Conectiva. De acordo com o presidente do ITI, o governo espera deixar o projeto bem encaminhado ainda este ano, para que as máquinas sejam comercializadas a partir de março, depois das férias escolares. A idéia é vender o micro, com acesso à internet subsidiado, por 24 parcelas de R$ 50. Um estudo do governo apontou que com uma mensalidade de R$ 50, o mercado potencial é de 5,8 milhões de máquinas. Se aumentasse para R$ 60, o potencial cairia para 4,7 milhões. Na visão de Amadeu, a adoção do software proprietário, como o da Microsoft, no PC Conectado, poderia incentivar a pirataria. Seu argumento é que o usuário precisaria de outros programas, que não teria condição de comprar. "O projeto é contra o mercado cinza e a pirataria", disse Amadeu. O mercado cinza é formado por montadores de micros que usam peças contrabandeadas. Amadeu já foi questionado na Justiça pela Microsoft. Mesmo assim, num ponto ele parece concordar com Umeoka: a oportunidade de exportação do País está no software embarcado, usado em dispositivos eletrônicos como o celular. "O mercado de software básico é dominado pelos países ricos", afirmou o presidente do ITI. A solução, para ele, seria apostar em soluções abertas na linguagem Java, criada pela Sun.

registrado em: ,
Fim do conteúdo da página