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Tecnologia da libertação

Publicado: Sexta, 24 de Novembro de 2006, 14h46

CORREIO BRASILIENSE | TRABALHO | 19/06/2005



Governo federal vai capacitar jovens de 16 a 24 anos para trabalhar com softwares livres. Interessados terão de ser aprovados em seleção. Hoje, há carência desses profissionais em todo o país
Carmen SouzaDa equipe do Correio


Governo federal vai capacitar jovens de 16 a 24 anos para trabalhar com softwares livres. Interessados terão de ser aprovados em seleção. Hoje, há carência desses profissionais em todo o paísCarmen Souza Da equipe do CorreioO complemento da renda é digital. E livre. Bastou a rede de vizinhos descobrir que Erismar Luz dominava o Linux para encher a agenda do técnico em informática com pedidos de assistência. Uns por curiosidade. A maioria por precaução. “Como as pessoas sabem que empresas estão adotando os softwares livres, querem entender como eles funcionam para conseguir um emprego ou não perder os que elas já têm”, conta o funcionário da Politec. O fato é que os bicos rendem ao morador de Luziânia cerca de R$ 300 mensais, quase a metade do salário exibido no contracheque formal. “Faço mais para me aprofundar na tecnologia, mas sei que o suporte nessa área tem tudo para crescer.”

O brasiliense de 22 anos não é o único a apostar no avanço dos softwares de código aberto. A bandeira é hasteada pelo governo federal desde o início do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na semana passada, o foco trocou de figura. Em vez de máquinas, capital humano. Foi lançado, na terça-feira, o projeto Técnico Cidadão, que vai capacitar 500 jovens para trabalhar com instalação e manutenção de softwares livres. A primeira etapa do projeto irá oferecer 500 vagas, distribuídas em São Paulo (200), Brasília (100), Rio de Janeiro (100) e Porto Alegre (100). Os interessados no projeto terão entre os dias 1º e 22 de julho para garantir o nome na seleção.

Para ganhar o selo de profissional livre, é preciso ter entre 16 e 24 anos de idade e ser aprovado em um teste com itens sobre conhecimentos básicos de informática, software livre, lógica e interpretação de texto. A prova será aplicada nos dias 23 e 24 de julho pela internet. Os usuários irão acessar um banco com 40 questões. Dessas, 20 serão escolhidas aleatoriamente para montagem de cada teste. A condição social dos candidatos será determinante no desempate dos aprovados. O curso, com seis meses de duração, terá início em 8 de julho.

“No final, vamos montar um portal com os contatos dos meninos. A idéia é que eles sejam procurados por empresas e pessoas comuns”, diz Sérgio Amadeu, presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI). Autarquia vinculada à Casa Civil, o ITI e a Sun Microsystems desenvolveram a estrutura do Técnico Cidadão. A multinacional irá pagar os instrutores e fornecer os espaços para o treinamento de jovens. Aqui, o curso será oferecido no escritório da Sun, no Brasília Shopping. “A formação terá um nível internacional”, garante Cleber Morais, presidente da Sun no Brasil. “Fizemos um piloto com 20 jovens em São Paulo e todos eles estão empregados.”

Mercado capital

Quem atua no setor garante que são grandes as chances de o sucesso se repetir na capital federal. Os técnicos terão peso de ouro no mercado brasiliense. “Daqui a quatro, cinco anos, essa tecnologia vai estar amplamente fundamentada no mercado. E essa migração depende de gente capacitada, que hoje não existe em Brasília nem no resto do país”, diz Antônio Fábio Ribeiro, presidente do Sindicato das Indústrias de Informação do DF. Foi justamente a falta de mão-de-obra a maior reclamação ouvida por Flávia Coelho quando, no início do ano, procurou empresas públicas e privadas da cidade em busca de parcerias para disseminar os softwares livres.

“A maioria quer se livrar dos softwares proprietários, mas precisa de pessoas que dominem os de código aberto”, diz. Professora da Universidade Católica de Brasília (UCB), Flávia também é diretora do SouJava, uma organização não-governamental (ONG) que trabalha pela disseminação do Java no país. Java é mais que um software, é uma tecnologia baseada na mesma filosofia de acesso ao código-fonte e criação livre de aplicativos. Com seis anos de existência, a ONG montou, neste ano, uma gerência em Brasília. “Uma das grandes críticas com relação a esse tipo de tecnologia é que, por serem abertas, não há a quem recorrer quando o computador dá pau”, diz Flávia. “Os técnicos cidadãos vão ser preparados justamente para isso.”

Sérgio Amadeu aponta outra vantagem do projeto: o combate à pirataria. Segundo o diretor do ITI, o esquema de suporte aos usuários de softwares proprietários é feito, no Brasil, por meio de falsificações. “Vamos mudar esse costume entre os que optarem pelo software livre”, diz . “Em vez de pagarem R$ 20 ou R$ 30 por um produto ilegal, eles poderão gastar o mesmo valor com um jovem que passou por um treinamento caro e avançado.” As contas rabiscadas por Erismar confirmam a premissa de Amadeu. O técnico cobra de R$ 30 a R$ 50 para instalar programas, migrar sistemas e dar suporte a clientes. “Faço de dois a quatro atendimentos por semana”, diz o brasiliense.

Edgar Gonçalves recebe os mesmos convites lucrativos, mas ainda não encontrou um jeito para incrementar o orçamento. Estudante do quarto semestre de Ciência de Computação da UCB, o brasiliense também é funcionário da instituição. Trabalha oito horas diárias como suporte de um laboratório com 42 computadores totalmente configurados com softwares livres. “Só não faço trabalhos extras porque falta tempo, mas muitas pessoas me procuram para instalar e criar programas”, diz. O jovem de 20 anos recebe R$ 800 mensais. Quando ganhar o diploma, em dois anos, pretende ser um profissional livre. “Se tenho acesso ao código-fonte, também posso ser um criador. E é assim que quero trabalhar”, entusiasma-se.

Editor: Plácido Fernandes - O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. e-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. Tel: 214-1184

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