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ITI na mídia | A hora da telemedicina

Publicado: Segunda, 13 de Julho de 2020, 09h26

Os médicos resistiram por duas décadas. Mas as regras de isolamento social forçaram a liberação das consultas pela internet. Entenda por que elas vieram para ficar – e como podem transformar a medicina.

Em razão das quarentenas, o CFM tomou medidas urgentes para que o atendimento a distância fosse permitido – ainda que só enquanto durasse o estado de calamidade pública, que o governo decretou em março. Ou seja: a telemedicina ainda é um regime de exceção, como o auxílio emergencial de R$ 600.

Mas Donizetti Filho acredita que ela tenha vindo para ficar. Após a pandemia, deve ser lançada uma nova regulamentação, baseada nos erros e acertos observados neste momento. Para o vice-presidente do CFM, o mais correto seria manter um primeiro atendimento presencial e usar o atendimento online como reforço, mas há também quem defenda as consultas por vídeo desde o início, como está acontecendo agora.

Faz sentido, porque a telemedicina tem o poder de ampliar o acesso à saúde. Imagine um morador de um município isolado do Acre que, para consultar um médico especialista, deve realizar uma travessia de barco que pode durar horas, ou dias. Moradores de comunidades carentes podem enfrentar desafios parecidos. Pense em alguém que vive em Paraisópolis, na Zona Sul de São Paulo, e faz tratamento para diabetes no Hospital das Clínicas, próximo à Avenida Paulista. Horas de viagem para, às vezes, só falar sobre oscilações de glicemia. O teleacompanhamento facilitaria a vida de doentes crônicos que enfrentam situações assim.

A medicina está saindo dos consultórios, entrando nas casas – e, nesse processo, pode até eliminar fronteiras. O psiquiatra Alexandre Valverde reforça a importância da telemedicina para levar profissionais a países com péssimos sistemas de saúde. “Ruanda, por exemplo, tem 13 milhões de habitantes e apenas 12 psiquiatras”, diz. Psicólogos (que, vale lembrar, não são médicos nem emitem receitas) têm autorização para atender seus pacientes via internet desde 2018, quando o Conselho Federal de Psicologia regulamentou a prática.

Os Estados Unidos foram o primeiro país a adotar a telemedicina. Isso aconteceu nos anos 1960, quando o Instituto Psiquiátrico de Nebraska se conectou ao Hospital de Norfolk, a 180 km de distância, por meio de um circuito fechado de TV. A conexão foi instalada pelo governo americano, que estava interessado em desenvolver a nova tecnologia, e servia para que os médicos do hospital tirassem dúvidas sobre a saúde mental de seus pacientes.

A Nasa, que havia usado a telemedicina para monitorar sinais vitais dos astronautas, começou a testá-la na Terra em 1972. Em parceria com a Lockheed, responsável por várias tecnologias do programa Apollo, a agência usou um sistema de comunicações por micro-ondas para conectar (em vídeo) a reserva indígena Papago, no Arizona, a médicos em Phoenix, capital do Estado. Em 1989, depois de um grande terremoto na Armênia, então parte da URSS, os americanos ofereceram essa tecnologia aos russos – que aceitaram, e permitiram que ela fosse usada para conectar especialistas americanos a médicos e feridos em Yerevan, cidade no oeste do país.

Eram projetos experimentais, pontuais, que atendiam pouca gente. Mas, com a massificação da internet, nas décadas seguintes, aos poucos a telemedicina foi alcançando um público maior. Os psiquiatras e psicólogos foram os pioneiros – e, também, os responsáveis por um marco nas consultas pela internet. Em 2008, o Congresso dos EUA aprovou uma lei autorizando psiquiatras a receitar ansiolíticos (remédios controlados, tarja preta) pela internet. Foi um voto de confiança, que acabou estimulando médicos de todas as especialidades. Em 2015, surgiu a primeira clínica exclusivamente online, que se chama Mercy Virtual e reúne médicos especialistas – que prestam consultoria, via internet, a hospitais de cinco Estados. Hoje, o país inteiro permite teleconsultas, em todas as especialidades médicas. Este ano, a empresa Tyto lançou um serviço de consultas remotas que inclui um gadget de videoconferência com estetoscópio, otoscópio e câmera dermatológica.

Fonte: https://super.abril.com.br/especiais/a-hora-da-telemedicina/

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